Vistam suas jaquetas. A aventura já vai começar

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal.


Quando uma silhueta aparece na tela, abaixa-se e põe seu chapéu a respiração fica ofegante. Ao som do tema de John Williams, o recado estava dado. Indiana jones, o maior aventureiro do cinema está de volta.

Depois de 19 anos Harrison Ford demonstra vitalidade perante o público. Poucos homens envelhecem com tanta dignidade. Se suas proezas são menos circences, sua presença em cena é um gongo soando nos ouvidos. A trama do filme remete aos clássicos da ficção dos anos 50 que eu tanto assisti. emocionante saber que Henry jones Jr. virou herói de guerra, derrotou os nazistas e agora é perseguido pela paranóia da caça às bruxas. D

Desta vez ele está apoiado por um elenco de sidekicks bem afiado. Shia LaBeouf é engraçado e tem atitude, formando um contraste de gerações bem interessante. De quebra sua entrada remete à figura de Marlon Brando em "O Selvagem", um dos meus filmes preferidos.


A vilã Irina não está arrasadora, mas empresta as qualidades quadrinhescas que só os vilões de indiana Jones têm. Soviética durona de espada e cabelo que lembra a Liz Taylor? Mais caricato impossível. Cate Blanchett segura a personagem muito bem, atuando de forma regular e dando credibilidade à russa obcecada. Bem melhor que o sem-graça Donavan de Indy 3.

Marion voltou muito bem e logo depois que me acostumei com sua nova forma tornei a ficar apaixonado. Karen Allen nunca foi a mulher mais bonita do mundo, mas sem dúvida um dos sorrisos mais cativantes e que ainda permanece intacto. Durante muito tempo sonhei com uma morena de olhos verdes. A personagem se encaixa na trama muito oportunamente, apesar de entrar em cena um pouco tarde.

A única ressalva fica para o professor Ox. O estepe de Sean Connery não cabe no grupo que parte em direção à cidade sagrada. Aliás em um certo momento a impressão é que a tela está superlotada com seis personagens principais em cena.

Os efeitos estão discretos e combinados com vários recursos mais "artesanais" como o variado uso da cenografia e as miniaturas propositalmente falsas vemos que Spielberg não deixa a peteca cair. Ele que tinha deixado a magia de lado em prol de excelentes filmes dramáticos volta nesse Episódio para mostrar que ainda entende de diversão juvenil. A ação está de tirar o fôlego, com destaque para a excelente coreografia de esgrima durante a empolgante perseguição de jipes.

Claro que nem tudo é perfeito. Em um dado momento ficam perguntas sobre motivações dos personagens (porque o Dr. Ox teve o trabalho de levar a caveira de volta pro lugar onde achou?) e algumas falhas adicionais e cenas previsíveis. A gente sempre sabe que na saída da catacumba estarão os vilões à espreita e que numa selva não há ninguém pra ajudar a não ser seu próprio perseguidor. A falta de violência cínica me incomodou bastante. Indiana Jones não afugenta ninguém com a arma, dá um tiro e resolve o problema de uma vez. Ok, culpa desses tempos politicamente corretos e muito chatos.

E o plot agradará os maníacos por conspirações. A lenda no melhor estilo "eram os deuses astronautas?" torna-se curiosa quando se sabe que Stalin realmente tinha um destacamento de pesquisa por OVNIS que chegou a procurar em ruínas sulamericanas indícios de Ets.

Uma impressão pessoal. Na minha sessão, além dos trintões, muitas crianças ajudavam a lotar a sala. Em uma era de heróis digitais dá gosto ver as miniaturas de gente vibrando com um herói grisalho de chapéu e chicote. E que, assim como a minha, essa geração tenha seus pequenos arqueólogos.