Como os pilantras tomaram o reino dos Céus. (Parte 1)

Dia desses no caminho para a faculdade eu fui obrigado a ouvir uma conversa no trem de um casal de amigos, logo atrás de mim. Graças à bateria do meu celular que estava nas últimas tive que parar de ouvir música e no trem cheio as vozes dos dois logo se tornaram minha canção durante a viagem.

Uma menina (evangélica) contou a história de como Deus operou uma milagre em sua vida. Ela tinha terminado um relacionamento onde ficou com um filho de presente (não era casada, o cara comeu e meteu o pé), depois perdeu o emprego e de quebra sentia uma dor no joelho fortíssima. Tudo obra do diabo que a fez dar pro safado (lembrem-se, evangélica), o patrão a demitir depois de cumprir a licença-maternidade e ainda deve ter jogado um pão amassado no joelho da criatura.


Aí começa a parte triste. Ela se desesperou e disse ao Senhor “será que tudo terminou Senhor, será que a minha vida acaba aqui? Será que não terei mais nada?” Aí ela disse que decidiu sentar em casa e rezar. Mais nada. Deus iria dar um jeito na vida dela.

Epa, mas e a igreja? Ela que fazia tempos não era assídua do culto voltou e os “irmãos” foram lá apoiá-la. Apoio moral diga-se de passagem, porque a igreja não cuida do alimento do corpo, só da alma. Lata de leite que é bom ninguém dá. De quebra o pastor disse pra ela continuar pagando seu dízimo que Deus veria aquilo e daria a solução final. Só se for a Solução Final dos nazistas.

Um dia o cara juntou os “irmãos” em volta da cama da menina rezou com muita fé. A fulana sentiu “as coisas” estalando e seu joelho ficando normal e depois disso tudo de todo esse ritual, seu joelho ficou bom e ela pode se levantar e andar. Ela sentiu a mão de Deus tocando sua perna (acho que não era bem Deus que tocou na perna) e livrando-a da doença. Quando foi falar com um médico, ele explicou que era artrose traumática e que como ela era jovem, apenas repouso naturalmente curaria tudo. E ela ainda teve o disparate de falar o caso do pajé pro médico. Constrangedor.

Resumindo: a menina era filha do Wolverine e tinha fator de cura, o pilantra do Pastor encheu as burras com R$50,00 mensais que ela dava, os irmãos assistiram o drama maravilhados e sem fazer nada e o pajé consertou tudo no melhor estilo Dr. Fritz. Ela agradeceu a Deus por ter mandado seu mensageiro e ficou feliz de ter arrumado um emprego. Oito meses depois.

Próximos posts: Ignorância moderna, crendices, seitas babacas, Deus de mentira e afins.

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